segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Labirinteiras



Também nessa região do estado do Ceará o labirinto é uma tradição passada de mãe para filha. Não faz nem muito tempo,  era uma das maiores fontes de renda literais das mulheres rendeiras.
Com o progresso veio a concorrência quase  desleal das cópias industrializadas na China, puxando o preço muito para baixo, ficando quase impossível manter  o sustento da família com a arte do ofício.
Para se ter uma idéia, levam de três a quatro meses para bordar uma toalha de banquete simples, que no final não custa mais que duzentos reais por aqui. Claro que no sul e sudeste do país esse preço chega acrescido do lucro de quem compra e vende... 
assim sendo, cada dia menos rendeiras são encontradas ainda em atividade e as mais jovens, não querem aprender o que hoje em dia, funciona mais como terapia ou mesmo hobbie para algumas insistentes guerreiras!(ops: labirinteiras)

    No  labirinto, o tecido é recortado com muita habilidade e delicadeza e os fios são retirados para feitura do bordado, não sem antes ser esticado em bastidores, onde o desfiado coa um sol forte que se esparrama pelo litoral afora. Trabalho delicado esse de preencher vazios, de dar forma a imaginação criadora e que se materializa em motivos florais ou em arabescos bordados.
O labirinto é simétrico, como um jogo de espelhos. O primeiro canto, desenhado, serve de padrão e deverá ser reproduzido. Jardim de veredas que se bifurcam.
O gesto de ferir o tecido é leve. Fios puxados com precisão. A idéia é de capricho. Arremata-se com determinação. O labirinto é uma arte e metáfora da condição humana: estamos enredados em nossos próprios fios.

(fonte: Ceará feito a mão)

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